Três músicos por dia, bilhetes entre 15 e 25 euros, espectáculos arrancam às 22h00.
Os cantautores estão de regresso a Santa Maria da Feira. O Festival para Gente Sentada volta pela terceira vez ao Cine-Teatro António Lamoso com três músicos amanhã e mais três no sábado. Os espectáculos começam às 22h00 e as entradas podem variar entre os 15 e os 25 euros. Os bilhetes já estão à venda e as reservas podem ser feitas através do 256 370802. Os nomes podem não ser sonantes, mas os entendidos na matéria garantem que o cartaz é de peso.
Adam Green actua amanhã, sexta-feira. É a sua estreia absoluta no nosso País. É de Nova Iorque e a sua carreira está associada aos Moldy Peaches, com quem gravou um disco. Entretanto, enveredou por uma carreira a solo e vai beber a grandes mestres, como Frank Sinatra, George Gershwin ou Leonard Cohen. As bandas Strokes e Libertines têm-lhe respeito. E como os últimos anos foram bastante produtivos, Green deverá tocar temas dos seus álbuns mais recentes “Gemstones” e “Jacket Full of Danger”.
Ainda na sexta-feira, há lugar para Fink, o primeiro cantautor da editora “Ninja Tune”. Depois de uma viagem pelo mundo da electrónica e do acid jazz, o músico acaba por gravar um disco com cheiro a trip-hop e com batidas funky. Já lá vão seis anos. Depois disso, e após uma série de sessões de DJ um pouco por todo o mundo, Fink decidiu definir um novo rumo para a sua carreira. O desejo de tocar guitarra acabou por vir ao de cima e foi então que resolveu repescar influências musicais de Joni Mitchell, John Lee Hooker, James Brown, Jimi Hendrix e John Martyn. O vazio foi então preenchido por “Biscuits for breakfast”, o seu segundo registo discográfico. Uma colecção de temas pessoais, marcadamente folk, blues e soul, acústicos e intimistas. É como o próprio descreve: “As músicas são muito pessoais. Todas as canções têm memórias agarradas e sempre que as canto, sou levado de novo a essas memórias e a sentir todas as emoções nelas implícitas”.
Stuart Robertson também canta na sexta-feira. É um jovem compositor, autor de “The furthest shelter”, álbum de estreia, com data de edição em Portugal a 9 de Janeiro do próximo ano. É um trabalho que resulta de dois anos de escrita e de gravações nos Estados Unidos e no Reino Unido. Países que serviram de inspiração a Robertson que investe em temas jazzy cantados como nos instrumentais ao piano. As 11 músicas desse álbum são apresentadas como a melhores do compositor. O veludo da voz, os delicados arranjos e a gentileza ao piano. São estas as principais qualidades do cantautor que amanhã se apresenta ao público português.
No segundo dia, mais três músicos no palco do Cine-Teatro António Lamoso. Sparklehorse, ou melhor, Mark Linkous, é um deles. Em estreia absoluta e exclusiva. É um grande nome da música independente. É um músico prolífico que anda há 11 anos nestas caminhadas musicais. Depois de convencer a editora Capitol Records, o músico arregaça as mangas e surpreende a crítica especializada com “Vivadixiesubmarinetransmissionplot”, de raízes pop. O single “Someday I will treat you a good” torna-se um hit para as rádios mais alternativas, até que surgem convites para digressões com os Radiohead e Mazzy Star. Depois disso, questões de saúde levam Mark Linkous a uma pausa de quatro anos. Acaba por regressar com “Good morning spider”. “It’s a wonderful life” chega em 2001, álbum de uma beleza e sensibilidade tais que mexem emocionalmente à primeira audição. Para tal, contribuíram as aparições de ilustres personagens, como PJ Harvey, Tom Waits e Nina Person dos Cardigans.
Sparklehorse está em Portugal com um novo disco na mala. “Dreamt for light in the belly of a mountain” foi rotulado com um dos melhores discos do ano. As histórias são contadas em letras surrealistas, com os fantasmas de Linkous a vaguear por entre montanhas à procura do conforto da morte.
Tem uma voz suave e intensa, a fazer lembrar a conterrânea Bjork, ou Beth Hirsch e Kirsty Hawkshaw. Emiliana Torrini é islandesa, filha de pais italianos, reside em Londres e actua no sábado na Feira. A delicadeza das suas canções cativou o cineasta Peter Jackson que logo a convidou para participar na banda sonora de “O senhor dos anéis”. O tema “Gollum’s song” é seu. Depois disso, colaborou com os Thievery Corporation e participou no hit de Kylie Minogue “Slow” – que fez parte do disco “Body language” da cantora australiana. A Santa Maria da Feira deverá trazer algumas músicas do seu segundo álbum “Fischerman’s woman”. Um trabalho recheado de letras intimistas que falam especialmente da solidão, sem recurso à electrónica ou programação.
Ed Harcourt, músico britânico e considerado um dos maiores talentos da actualidade, promete apresentar este sábado o seu novo álbum “The beautiful lie”, editado em Junho deste ano. Tem muitos anos de aprendizagem no currículo, mas a primeira canção surgiu quando tinha apenas 11 anos. E o primeiro trabalho discográfico foi gravado em casa, onde tocou praticamente todos os instrumentos. Uma produção caseira, portanto. E que lhe valeu um convite para gravar um álbum com outras condições. E assim acabou por nascer “Here be monsters”, em 2002.
A veia criativa voltou a dar nas vistas e o músico aproveitou a visibilidade. Em 2003, mais um álbum. “From every sphere” foi muito bem recebido pela crítica e pelo público. Acabou por ser convidado a fazer a primeira parte de concertos dos R.E.M. e dos Wilco. Em 2004, mais um álbum. “Strangers” é autobiográfico, onde Harcourt fala sobre a experiência de amar alguém. Letras honestas, sem grandes artifícios. E como não podia deixar de ser. Em 2005, houve mais um álbum. “Elephant’s graveyard” foi editado apenas pela Internet e é composto por 28 músicas. Para não romper com a tradição, 2006 trouxe mais um álbum. “The beautiful lie” resulta do crescimento do cantor, alicerçado no gosto em contar histórias e inventar personagens. Para ver e ouvir, sentados, no Festival para Gente Sentada. Amanhã e sábado no Cine-Teatro António Lamoso.
in Jornal Terras da Feira