
Chamam-se Corvos e são um quarteto de cordas. Mas não o quarteto de cordas típico de que poderiam estar à espera. Em primeiro lugar por causa da atitude: Nuno Flores, o homem da viola de arco, é igualmente membro dos Quinta do Bill e está habituado aos palcos dos concertos de rock, e os outros membros, Carlos, Tiago e Pedro (respectivamente violoncelo e violinos), também já deixaram a sua marca em discos de gente tão distinta como os Blind Zero, Mão Morta ou, entre outros, Boss AC.
Mas este quarteto vai agora estrear-se com um álbum na Nortesul cujo reportório é inteiramente composto de temas clássicos dos Xutos e Pontapés. Porque quando o grupo decidiu fazer um disco enquanto quarteto mas com um reportório não clássico e procuraram uma linguagem musical que todos dominassem no panorama português a obra dos Xutos foi a que imediatamente lhes veio à cabeça. Todos eles sabem aquelas canções de cor e todos cresceram a ouvi-las, portanto havia ali território comum a explorar. E é claro que o momento presente que os próprios Xutos estão a atravessar – a comemoração de 20 anos de carreira – só ajuda até porque agora mais do que nunca os temas que os Corvos abordam de forma invulgar estão bem vivos na memória das pessoas.
Foi com Raúl Ribeiro (produtor dos Belle Chase Hotel) que depois os Corvos foram para estúdio onde gravaram temas como «Contentores», «Pequenina», «Busca», «Circo de Feras» ou «Sémen». Usando apenas os violinos, o violoncelo e a viola de arco. E, num tema, a colaboração surpresa de Kalú, o baterista de sempre dos Xutos e Pontapés.
Agora vem a edição do álbum e a digressão. O mais provável é verem o colectivo Corvos em palcos mais associados ao rock. Recentemente tocaram com os Blind Zero nos espectáculos que assinalaram os seus cinco anos de carreira. E também passaram pelo programa de Miguel Ângelo onde se assinalou as duas décadas de Xutos e Pontapés.
Já sabem: os Corvos vão dar-vos clássicos dos Xutos como nunca ninguém os ouviu.